1. Comparação entre as páginas respectivas, da CECC e da CNECP, no “site” do Parlamento, sobre a audiência conjunta (e subsequente “reunião de trabalho”) concedida a dois delegados do Senado brasileiro.

CECCCNECP

2. Comparação entre algumas declarações do deputado Miguel Tiago na referida “reunião de trabalho” e o que sobre essas palavras é dito no relatório dessa mesma “audiência/reunião”.

Miguel Tiago Relatório
Agora, sacrificar a escrita portuguesa, tendo em conta as especificidades da nossa oralidade a uma reforma como a que está no acordo, ou uma que siga o mesmo rumo, parece-nos que é, do ponto de vista da política da língua — e não me refiro aqui aos termos técnicos da vossa proposta — do ponto de vista da política da língua, da preservação, até, da língua como instrumento de política estrangeira, parece-nos que seria liquidatário para Portugal. Referiu, depois, que quem defende o AO entende que deve haver sobreposição da oralidade à grafia. Defendeu que para o PCP o AO não é determinante para a defesa da língua e realçou a necessidade de fixação de regras, de inteligibilidade.
E, a partir daqui eu julgo que, não os linguistas, mas as Academias… e infelizmente Portugal não tem uma Academia, esse é um problema fundamental. Porque o Brasil tem uma Academia. Uma Academia Brasileira das Letras, forte, pujante, com presença na imprensa, com reflexão sobre o tema, e Portugal não tem. Portugal tem a Academia de Ciências de Lisboa, que tem, de acordo com a lei, a capacidade de intervir no domínio da Língua e que, até hoje, interveio, tanto quanto eu saiba, apenas uma vez no domínio da Língua quando se pronunciou sobre a primeira versão do Acordo, ainda nos anos de 90, aliás, antes da versão do acordo de 90. Nunca mais interveio no processo, nunca mais deu uma palavra sobre o processo. O que é natural, para quem conhece a Academia de Ciências de Lisboa, que eu por acaso conheço, tendo em conta que é uma Academia principalmente composta por pessoas das Ciências Naturais e que, portanto, a sua atribuição de poder sobre a Língua é absolutamente… portanto, foi um acto de… não sei… para facilitar o Acordo, provavelmente, atribuiu-se a uma Academia de geólogos, biólogos, físicos, matemáticos, o poder sobre a Língua Portuguesa. Referiu, ainda, a intervenção da Academia das Ciências de Lisboa no âmbito do AO e considerou que esta tem menos poder do que a Academia de Letras de Brasília.

3. Comparação entre algumas declarações do deputado Michael Seufert na referida “reunião de trabalho” e o que sobre essas palavras é dito no relatório dessa mesma “audiência/reunião”.

Michael Seufert Relatório
Enfim, mas isto cada um faz a avaliação que quiser sobre isto, acho que isso é um debate que pode ser tido noutra altura, o facto objectivo que os senhores nos trazem aqui é uma, com a carta que recomenda a vossa visita aqui, é que o Brasil decidiu andar para a frente nesta questão, e eu compreendo isso, acho que isso deve convocar o Estado português a dizer também, bom, dizer alguma coisa sobre isso, e eu acho que deve ser, de facto, que não devemos pelo menos fazer o que aconteceu em ‘45, que é haver um acordo com o objectivo de unificar e depois acaba por Portugal dar esse passo e fica sozinho com uma ortografia que o Brasil também não quis e, bom, ‘45 já lá vai, não é, na verdade, como é evidente. Mas hoje, em 2013, eu julgo que seria também mau para Portugal se tivesse sido dado um passo em conjunto entre os países de língua portuguesa em que, que não conseguiram ratificação e que portanto o acordo original não está ratificado, na verdade; o que está ratificado é um protocolo em que os próprios países que entenderam poderem avançar com o acordo mesmo que os outros não quisessem. E mesmo esses, que assinaram esse protocolo, vê-se agora no Brasil, e tendem também a não dar continuidade, ou pelo menos, cito novamente, “aperfeiçoar e simplificar o complexo acordo”, como nos escreveu o Presidente da vossa Comissão de Educação, Cultura e Esporte. O Deputado Michael Seufert (CDS-PP) referiu entender que o Senado do Brasil queira repensar o AO e, especialmente, aperfeiçoá-lo e simplificá-lo. Não se quis referir às questões concretas apresentadas, mas considerou que, politicamente, a iniciativa do Senado Federal significa a morte do AO. Manifestou pena que o estado português não tenha dado resposta às várias vozes críticas do AO, como agora fez o Brasil. Informou que o CDS-PP, aquando da votação do AO, deu liberdade de voto aos seus deputados, para poderem votar de harmonia com a sua consciência. Referiu, ainda, entender que não há uma vontade do Brasil de prosseguir com o AO, e que isso deve convocar o Estado português a tomar uma posição, para não ficar Portugal sozinho com uma ortografia que o Brasil não quis.

4. Citação de um extraordinário, espantoso parágrafo do relatório mencionado:

«Em resposta, o Professor Ernani Pimentel realçou que após ouvir os Senhores Deputados
entende que existem pontos de convergência, salientou que as diferenças de pronúncia que
não afetam o significado não são mexidas e que pode haver simplificação, defendendo que a
eliminação do h não afeta nenhum dos 2 países

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