ILC contra o Acordo Ortográfico

(site original, 2010-2015)

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Como os mais atentos já deverão ter constatado… todos os elementos do colectivo “Gato Fedorento” subscreveram a ILC. 100%! Além disso, não só subscreveram como o fizeram publicamente. Saudamo-los por isso, individualmente e em grupo, uma vez que demonstram uma atitude exemplar de cidadania. Miguel GóisRicardo Araújo Pereira, Tiago Dores e Zé Diogo Quintela, a língua portuguesa agradece!


E você? Já subscreveu a ILC? Os impressos, instruções, etc., estão aqui. (Sim, é igualzinho para toda a gente. Só tem de preencher os dados de forma bem legível, assinar em papel conforme o BI/CC e enviar. Nada mais fácil.)

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Miguel Góis nasceu em 1973.

Licenciou-se em Comunicação social, mas em 1998 começou a escrever textos de humor nas Produções Fictícias.

É um dos elementos dos Gato Fedorento.

[Foto copiada do blog “Linha Avançada“. Os “links” foram adicionados por nós.]

Miguel Góis subscreveu a Iniciativa Legislativa de Cidadãos pela revogação da entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990.

Este é mais um perfil publicado na “galeria” de subscritores, activistas e apoiantes da ILC pela revogação do “acordo ortográfico”.

Nota: esta publicação foi expressamente autorizada pelo subscritor, que nos enviou, para o efeito, a nota biográfica e a ligação para o vídeo alojado em YouTube.

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NP13052012O truque é simples. Num restaurante de má fama, um cliente refilão mas pouco astuto queixa-se do bife. Que está mal passado, que assim não o come nem paga, era o que faltava! O empregado encolhe os ombros, leva o prato, vira o bife ao contrário e trá-lo outra vez. O cliente despacha-o, voraz, satisfeitíssimo por ter reclamado. Nada mudou: nem o restaurante, nem o cliente, nem o bife. A ilusão é uma arma temível, não é?

Vem isto a propósito de uma carta, já divulgada onlinecitada, pelo menos, no weblog do escritor David Soares, Cadernos de Daath, e está na íntegra em cedilha.net/ilcao), que o cineasta, escritor e professor António de Macedo (sim, esse mesmo, o de Sete Balas para Selma, A Promessa ou O Princípio da Sabedoria) enviou por estes dias ao secretário de Estado da Cultura, sem obter resposta. O tema é o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AO90) e a dúvida ali colocada é pertinente. Ora leiam:

“Segundo o AO90, os Brasileiros podem continuar a escrever (como sempre escreveram pela reforma ortográfica brasileira de 1943), por exemplo: acepção, aspecto, conjectura, perspectiva, decepção, detectar, excepcional, tactear, retrospectiva, percepção, intersectar, concepção, imperceptível, respectivo, recepção, susceptível, táctico
Em Portugal, com o mesmo AO90, seremos obrigados a escrever: aceção, aspeto, conjetura, perspetiva, deceção, detetar, excecional, tatear, retrospetiva, perceção, intersetar, conceção, impercetível, respetivo, receção, suscetível, tático…

Ora, a ideia não era uniformizar? Será que os Brasileiros não se vão rir quando virem, em escritos de Portugal, aberrações como deceção, recetivo, perceção…?”

No comentário que escreveu depois, como adenda à carta, António de Macedo conclui: “Ou seja, iguala-se de um lado (atual, direção, exceção, elétrico, objetivo, etc.) e desiguala-se do outro, como nos exemplos que citei na minha mensagem ao SEC. No fundo eu estava perguntando, por outras palavras, o que é que lucrámos com isto, Portugueses e Brasileiros, perguntando também, implicitamente, se não seria mais simples deixar tudo na mesma — ao menos, já estávamos familiarizados com as igualizações e as desigualizações, em vez de termos de aprender outras novas sem nenhuma vantagem óbvia.” Seguindo o raciocínio de António de Macedo, peguemos num, dois, três, quatro, uma dúzia de livros brasileiros recentes. Não é difícil ler, a par de ato ou fato (que cá se mantém facto, já agora, numa deliciosa “ortografia comum”), palavras como aspecto, perspectiva, caracterizou, facção, respectivamente, etc. Essas mesmas que o unificador acordo quer que, SÓ EM PORTUGAL, se escrevam aspeto, perspetiva, caraterizou, fação (é verdade, FAÇÃO!) e respetivamente.

É isto um acordo para unificar a ortografia? Onde está o empregado que serviu o bife, hã? Não vêem que está mal passado? Não, não vêem. Vão “adotar” a coisa e não vêem. Mas comem-no, regalados, apesar do truque baixo do bife apenas virado na cozinha, sem ver outra vez a frigideira, para que todos se deliciem com a ilusão de uma ortografia unificada. Mas há vozes atentas, vejam lá, que percebem a impossibilidade de tais mudanças. Leiam-nas: “Há diferenças intransponíveis dos dois lados do Atlântico, as quais foram acentuadas pelo tempo.” Autor? João Malaca Casteleiro, o pai do aborto, perdão, do acordo ortográfico (pág. 6 do opúsculo Atual: o que vai mudar na grafia do português, ed. Texto, 2007).

Claro que nada disto interessa, obviamente. Porque, diz-se por aí, o acordo não pode ser posto em causa, o acordo é um facto. Enganam-se: é um fato. Um fato feito por alfaiates incompetentes, que não serviriam nem para um pronto-a-vestir de segunda. E aprovado por quem descuidadamente se veste por dentro, cuidando que melhor o faz por fora. O que vale é que não faltam por aí políticos adversários do acordo. Por exemplo: Paulo Portas, Pedro Passos Coelho, Nuno Crato, Francisco José Viegas. Só é pena é estarem na oposição, coitados. Senão já tinham ido à cozinha, pegado na frigideira e…

[Transcrição integral. In jornal “PÚBLICO” (Revista 2) de hoje, 13.05.2012 – link disponível para assinantes. Destaques a “bold” e “links” inseridos por nós.]

[Nota: os conteúdos publicados na imprensa ou divulgados mediaticamente que de alguma forma digam respeito ao “acordo ortográfico” são, por regra e por inerência, transcritos no site da ILC já que a ela dizem respeito (quando dizem ou se dizem) e são por definição de interesse público (quando são ou se são).]

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Na quarta-feira, porque a cada ano tudo se repete, lá se celebrará mais um aniversário do 25 de Abril. Tão perto e já tão longínquo, 38 anos. Revolução ou golpe de Estado, conforme a lembrança de cada um. A euforia da libertação, claro, inesquecível. Os belos versos de Sophia, que já tantos estragaram citando-os mal e a despropósito. Os cravos e o Arsenal. Chaimites nas ruas. A vila morena na cidade branca. Otelo e Salgueiro Maia. Símbolos e ilusões. Utopias e desenganos. Avanços perigosos e, no reverso, a quietude.

Tudo isso que ficou, lá longe, mas ainda ao alcance da memória. Certo é que a ditadura não caiu, foi derrubada. Mesmo que nesse acto ela tenha involuntariamente colaborado, de tão gasta. E a verdade é que a democracia, certamente imperfeita, depois se implantou e por aí anda, com as suas virtudes e vícios, as suas recompensas e fingimentos. E, a par dela, a liberdade: de dizer, afirmar, escolher, recusar, contrapor, contestar, protestar.

Imaginemos agora, por momentos, esta curiosa ficção: um escasso grupo de cidadãos chega ao Parlamento e propõe ao Governo e aos deputados uma ditadura. Tal e qual, uma ditadura. Não teria bem esse nome, claro, por causa da carga negativa que arrasta, mas seria uma coisa a bem do prestígio da expressão pátria, da sua unidade essencial, de uma política comum, que esta coisa de ter tantos partidos a dizer-se e desdizer-se a todo o momento (garantiam) é realmente uma canseira. Perante tal proposta, e presente na sessão, o Governo resolveu pedir uns pareceres. Recebeu vários. O Instituto de Política Teórica e Comportamental opunha-se ferozmente. A Associação Portuguesa de Políticos opunha-se radicalmente. O Departamento da Política Caseira da Universidade Nacional opunha-se terminantemente. E a Direcção-Geral das Altas e Médias Políticas opunha-se categoricamente. Ah, havia ainda o parecer da Academia de Políticas Lisbonenses, totalmente favorável. Num parecer assinado, claro está, por um nome rigorosamente independente: o autor da proposta de mudança de regime. Tudo resumido, pesados os prós (um só, mas veemente) e os contras (muitos mas facciosos, logo dispensáveis), foi-se a votos. A unificação política, ou seja, a ditadura, foi aprovada com os votos dos três maiores partidos e a abstenção de um quarto. Houve votos contra, claro, mas apenas 16. E a ditadura passou a lei, aprovada pela democracia.
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aperguntade
António Emiliano para Francisco José Viegas
O Acordo Ortográfico [AO], feito há 22 anos, recebeu pareceres técnicos muito negativos e só dois membros da CPLP o aplicam de facto. Portugal subscreveu a declaração de Luanda de 30/03/2012 que diz que o AO produz constrangimentos no processo de ensino e aprendizagem e deve ser revisto (em prazo indeterminado). Não se deveria suspender imediatamente o AO nas escolas e nas instituições do Estado?
Respondendo ao desafio do PÚBLICO, o professor de Linguística da UNL dirige uma pergunta ao secretário de Estado da Cultura

[Transcrição integral de “A Pergunta de”, secção da pág. 3 do Público de publicada no “PÚBLICO” de 08.04.2012.]

[Nota: os conteúdos publicados na imprensa ou divulgados mediaticamente que de alguma forma digam respeito ao “acordo ortográfico” são, por regra e por inerência, transcritos no site da ILC já que a ela dizem respeito e são por definição de interesse público.]

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André Fernandes Jorge nasceu no Bombarral em 1945. Com 12 anos foi estudar para Coimbra, onde permaneceu até aos 17. Muda-se então para Lisboa. Ingressa na Faculdade de Letras, frequentando primeiro Filosofia e mais tarde Românicas, não concluindo nenhum dos cursos. Com 21 anos é incorporado no exército e mais tarde parte para Angola. Cumpre cinco anos de vida militar. De África conhece também a Guiné-Bissau, onde viveu durante mais de dois anos, como cooperante.

Em 1987 funda a Livros Cotovia, juntamente com o irmão, mas dirige a editora sozinho desde 1991.

Ao longo de mais de vinte anos a Cotovia soube transformar-se numa editora de referência no panorama do livro em Portugal, em especial pelas suas colecções no âmbito da poesia, do ensaio, da ficção, do teatro, da literatura brasileira e da literatura clássica. Enquanto editora, a Livros Cotovia nunca deixou de se nortear pelo critério simples de quem escolhe um livro para mostrar, para oferecer, ou simplesmente porque gostaria que os amigos o lessem.

Subscreveu a Iniciativa Legislativa de Cidadãos pela revogação da entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990.

Este é mais um perfil publicado na “galeria” de subscritores, activistas e apoiantes da nossa ILC.

Nota: esta publicação foi autorizada pela subscritor, que reviu, expressamente para o efeito, a respectiva nota biográfica.

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From:
To: spzs.faro@mail.telepac.pt;
Subject: Acordo Ortográfico
Date: Wed, 14 Mar 2012 19:13:39 +0000

Para:
Sindicato dos Professores da Zona Sul
FENPROF

Ex.mos Senhores,
Recebi há pouco, pelo telemóvel, uma mensagem convocando-me para um plenário que terá lugar amanhã em Faro, com o Secretário Geral da FENPROF, para tratar de “especificidades do ensino”, se não estou em erro. Já apaguei a mensagem e não me é possível verificar se eram estes exactamente os termos. Como não posso conceber que se fale do ensino em Portugal, sem discutir e pôr em causa a aplicação do Acordo Ortográfico de 1990, que está a decorrer desde o início deste ano lectivo, decidi aproveitar a ocasião para rever a minha já longa luta junto do Sindicato de que sou sócia (SPZS, n.º 643), no sentido de levar os professores a assumir as suas responsabilidades na matéria.

Desde 14 de Maio de 2008, venho repetidamente alertando o sindicato, que me representa, para a necessidade “urgente” de os professores tomarem consciência do teor e implicações gravíssimas que o Acordo Ortográfico de 1990 tem para a nossa língua. Na data referida enviei inclusivamente um pequeno estudo que tinha então elaborado, e que intitulei “O Novo Acordo Ortográfico — Contributo para uma reflexão necessária”.

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Tiago Dores nasceu em Lisboa em 1975 e licenciou-se em Economia pela Universidade Nova de Lisboa. Trabalhou dois anos em publicidade antes de se dedicar à escrita humorística.

Junta-se às Produções Fictícias em 2000 e em 2003 fundou, juntamente com Ricardo Araújo Pereira, José Diogo Quintela e Miguel Góis, o blog “Gato Fedorento” que deu origem a vários programas de televisão: as séries “Fonseca”, “Meireles” e “Barbosa” na SIC Radical (2004/05), “Lopes da Silva” e “Diz que é uma espécie de magazine” na RTP (2006/07) e “Zé Carlos” (2008) e “Gato Fedorento Esmiuça os Sufrágios” (2009) na SIC.

 

 

Tiago Dores subscreveu a Iniciativa Legislativa de Cidadãos pela revogação da entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990.

Este é mais um perfil publicado na “galeria” de subscritores, activistas e apoiantes da ILC pela revogação do “acordo ortográfico”.

Nota: esta publicação foi expressamente autorizada pelo subscritor, que nos enviou, para o efeito, a nota biográfica, a fotografia e a ligação para o youtube.

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Imprensa
Euler de França Belém
África rejeita o novo acordo ortográfico

Texto do jornal “Público” mostra, na edição de quinta-feira, 9, que há rejeição ao novo Acordo Ortográfico em Angola e Moçambique. Mesmo em Portugal, há resistência. No Brasil, provando que temos pouca resistência a certas imposições mal discutidas, aceitamos bovinamente o acordo ortográfico. Os africanos de língua portuguesa têm razão: como “segurar” a diversidade da língua? Impossível. Ceder aos negócios em detrimento da cultura, da permanência das diferenças, nunca foi saudável para os países. A humildade do Brasil seria uma espécie de novo imperialismo?

Jornal estatal angolano rejeita Acordo Ortográfico
Cláudia Carvalho

O principal jornal diário angolano publicou na quarta-feira um editorial dedicado ao Acordo Ortográfico, ao qual tece duras críticas, defendendo que “há coisas na vida que não podem ser submetidas aos negócios, por mais respeitáveis que sejam”, pondo em causa futuras negociações.

O novo Acordo Ortográfico começou a ser aplicado nos documentos do Estado a 1 de Janeiro, vigorando em todos os serviços, organismos e entidades na tutela do Governo português. No entanto, existem ainda instituições que não o aplicaram, como a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa ou o Centro Cultural de Belém, que voltou atrás na decisão depois do novo presidente Vasco Graça Moura ter ordenado que todos os conversores – ferramenta informática que adapta os textos ao acordo – fossem desinstalados dos computadores da instituição. Desde então, a discussão tem estado em aberto, tendo surgindo cada vez mais vozes contra a aplicação do acordo.
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O PÚBLICO de hoje foi deveras interessante. Além dos três textos já reproduzidos há a registar ainda a chamada “chamada de capa” e até um apontamento no Sobe e Desce. Isto, claro, além do próprio editorial.

[“Click” nas imagens para as ver ampliadas]

No meio do marasmo dos que se dizem adversários do acordo ortográfico, mas continuam a aplicá-lo no dia-a-dia porque “não há outro remédio”, a posição de Vasco Graça Moura (que sempre se opôs ao AO com fundamento) é digna de aplauso: no CCB, onde já se aplicava o AO, deu ordens para voltar atrás. Se outros tivessem a sua coerência, tudo seria bem diferente em Portugal. (Pág. 4)

Actos corajosos contra o embuste ortográfico

Aos poucos, a lassidão com que é encarada a aplicação do acordo ortográfico (AO) dá lugar a actos inequívocos que não só põem em causa os seus pretensos fundamentos como apelam à razoabilidade geral. Terça-feira, três deputados eleitos pelo círculo dos Açores, entre os quais Mota Amaral, dirigiram ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas (que no passado se opôs ao AO), uma carta onde não só defendem que “a entrada em vigor do AO foi apressada” como perguntam se o Governo, “de imediato, encara a possibilidade de suspender a aplicação do Acordo Ortográfico em Portugal”.

Ontem, foi a vez de Vasco Graça Moura, agora à frente do CCB, reverter a aplicação do AO naquele centro, pelo que deixaremos de ali ter “espetáculos” e voltaremos a ter espectáculos; como saudavelmente nunca deixou de suceder, por exemplo, na Casa
da Música.

Mas o texto subscrito por Mota Amaral coloca ainda mais uma pergunta essencial: “Que vantagens para Portugal decorreram até agora da aplicação do acordo, nas relações com outros países lusófonos”? A resposta, que terá de ser inequívoca, pode ajudar a pôr a nu o enorme embuste a que o texto dos deputados açorianos chama “erro de palmatória” da governação anterior. Um erro que, no entanto, ainda pode ser corrigido.

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